Um reinado diferente… menos tronos e mais ombros…

Por Pe. Éder Carvalho Assunção – Missionário da Prelazia de Lábrea no Corno da África  [email protected]

Os reis deste mundo

Ao longo da história sempre nos deparamos com a tirania e a ostentação do poder por parte dos governantes, seja no monarquismo, seja no presidencialismo ou em outro sistema de governo. E tudo, em nome do povo e pelo bem do povo. Porém, infelizmente, prevaleceram as ambições pessoais que tornaram os governantes viciados no luxo e na corrupção. Não podemos generalizar, entretanto, o estado de guerra, de fome, de destruição da natureza são expressões da má gestão dos líderes mundiais.

Um rei diferente

Quando olhamos pra imagem de Cristo Rei, onde a mesma ostenta o trono, o cetro e as roupas da realeza, percebemos que nem sempre as imagens “religiosas” revelam a beleza de Jesus de Nazaré, que preferiu o avental, a cruz e um túmulo emprestado para manifestar um novo reino onde todos são irmãos.

Um rei que vai ao encontro

Em nossas cidades, no dia de visita dos governantes preparamos um verdadeiro “circo” onde o povo se torna palhaço. Carretas, fogos de artifício, comidas, fotos, discursos… ao fim, eles se vão e sofrimentos permanecem.

Ezequiel oferece uma imagem impressionantemente terna de um rei diferente, que é rei porque é pastor. Encontramos a imagem prefigurada de Cristo como aquele que procura, cuida, resgata, apascenta, nina, reconduz e cura.

Um rei que não deixa nada faltar

Imagine o quanto de alimento e de paz é tirado da boca do empobrecido para manutenção da ostentação dos governantes? Até mesmo nos países mais pobres do mundo os governantes vivem como milionários e engordam suas fortunas e lançam as cinzas de seus charutos sobres os pobres. Para o governante tem tudo, para os governados falta tudo.

Jesus viveu a experiência da “falta de Deus” no altar da Cruz. Faltou tudo no caminho da paixão, sobrou o vinagre do não-amor. Entretanto, o olhar de Maria, o pano de Verônica, os ombros de Cirineu e o túmulo de José são sacramentos da providência expressa no salmo 22. Mesmo diante dos desafios da vida, não podemos deixar de lado os sinais da Providência. Quando aparentemente falta tudo em nossa vida, é sinal que temos tudo, pois só tem tudo, quem sabe amar a Deus no”nada”.

Um rei que é tudo em todos

Paulo nos diz: “para que Deus seja tudo em todos”. A morte já foi vencida, o pecado do reinado de Adão não é nada diante do Reinado do Amor Daquele que se abandonou e teve como única pretensão: Ser Filho. E por isso, somos filhos no Filho neste reino de irmãos.

Um rei sem jeito de rei, um rei com jeito de irmão

Este irmão trocou a realeza pela simplicidade, e o luxo pela dignidade. Jesus de Nazaré nos ensina de maneira especial nos capítulos 5 e 25 de Mateus que os bem aventurados são aqueles que deixam a ostentação pra ser tornarem fraternos para com os que vivem as seguintes realidades: fome, sede, exílio, nudez, doença, prisão. E destaca, quem fizer isto há “um dos menores de meus irmão”… é a mim que o fazeis.

Um irmão que nos ensina a ser irmão.

Neste dia da leiga e do leigo, olhemos para o Cristo e deixemos que seu jeito de construir fraternidade nos ensine a engajar-se na sociedade com sobriedade, exercendo assim a missão de ser sal e luz na construção de políticas públicas para o bem comum. Que a imagem de pastor que arrisca tudo pelo bem das ovelhas seja um espelho para os nossos governantes políticos.

Como São Francisco, como Charles de Foucauld… que bom seria se na Igreja, que é serva do Reino, todos os sinais de ostentação e de luxo pudessem ser transformados em serviço de caridade. Pois na Igreja, quanto mais simples…mais nobre. Que os pastores tenham cheiro de rebanho e não o cheiro da “elite” (em muitos lugares… onde falta padre?… na paróquia pobre?… na paróquia rica?…) Caso contrário, a cada encerramento de ano litúrgico seremos mediocrizados e voltaremos a “Pastoral do Trono e do Cetro” onde você sabe quem reina!

E a nós, que agora estamos reunidos e somos um povo santo e pecador, dai força para construirmos juntos o vosso reino que também é nosso (Oração Eucarística V)

Solenidade de Cristo Rei

Primeira Leitura (Ez 34,11-12.15-17)

Responsório (Sl 22)

Segunda Leitura (1Cor 15,20-26.28)

Anúncio do Evangelho (Mt 25,31-46)

 

Solenidade – Jesus Cristo Rei do Universo

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