Que bom seria se nossas liturgias fossem mais samaritanas, plenitude de um rito iniciado no serviço da caridade.

Em Jesus Cristo encontramos o Amor que se encarna, o que parecia inconcebível, agora é realidade: Deus todo poderoso na fragilidade da pessoa humana. Este caminho escolhido pela Trindade revela mais uma vez seu amor gratuito e incondicional pela humanidade. Mesmo se esta escolhe sempre ser um “povo de cabeça dura”.

Moisés sentiu na pele o desafio de pastorear este povo e por isso, ele nos deixou como testamento espiritual uma confiança esplêndida no Deus da Vida que escolheu realizar uma Aliança com a humanidade. A lei do Senhor é possível, basta abrir o coração e assumir um compromisso, confiar na Providência.

Muitas vezes as pessoas não encontram a felicidade porque escolhem uma vida sem Aliança, sem lei. Alguns afirmam que a lei escraviza e paralisa a criatividade. Mas na verdade, a lei, quando compreendida no contexto da libertação, nada mais é que uma sinalização no caminho. Nela temos a alegria da presença de um Deus que caminha conosco e nos mostra o caminho a seguir. Sendo assim, a lei não se resume em legislação, mas em pedagogia do  amor, vivenciada na liberdade. A primeira leitura e o salmo de hoje nos ajudam a contemplar esta realidade.

Esta pedagogia da Trindade encontra sua plenitude em Jesus Cristo que teve como regra de vida reconciliar a humanidade com Deus. Na Cruz a lei se transforma em graça, em amor derramado, imagem da pedagogia do Deus Misericordioso. Paulo nos mostra a beleza da ternura na segunda leitura.

O mandamento agora tem uma nova roupagem, pois sua vocação é conduzir o ser humano à santificação. Em Jesus, Deus experimentou a sujeição às leis humanas, em Jesus, o ser humano degusta a lei do amor que o santifica. Enquanto as leis humanas restam punidoras, a lei do amor segue restauradora.

O samaritano não deveria ser imagem da santidade e sim, do ordinário cristão. Deixar a viagem de lado, cuidar das feridas, acolher, gastar, providenciar, se preocupar e retornar; por causa do irmão caído; são “obrigações” de todos aqueles que fizeram a experiência do encontro pessoal com Jesus Cristo.

Na Eucaristia que hoje celebramos podemos estar dignos como o “sacerdote e o levita”, que preferiram estar “puros para oração”, ou poderíamos estar sujos, com “cheiro de ovelha”, atrasados e “impuros” por tocar aqueles que ninguém quer tocar. Que bom seria se nossas liturgias fossem mais samaritanas, plenitude de um rito iniciado no serviço da caridade.

 

Por pe. Éder Carvalho Assunção Missionário da Prelazia de Lábrea no Corno da África [email protected]

 

Leitura Orante

1ª Leitura – Dt 30,10-14

Salmo – Sl 68,14.17.30-31.33-34.36ab.37 (R.cf.33)

1ª Leitura – Cl 1,15-20

Evangelho – Lc 10,25-37

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