Todo encanto tem um dom, uma sina, um destino, uma escolha

Um jambeiro quando se reveste de flores é um espetáculo para os olhos,
Esta beleza premeditada não é para o acaso,
Prepara os frutos, um sabor a degustar,
Chegando a maturidade é momento de cair, descer, apodrecer,
No que parece um triste fim, uma tragédia por terra,
Um milagre acontece, a vida rebrota, o eterno se rende ao tempo.

Na encarnação e na vida doada, Jesus floriu em bondade,
Ternura, olhar amigo, aconchego, toque consolador,
A vida se coloriu ao lado daquele que “a assumiu”,
Beleza que outrora não se podia olhar, agora se pode tocar.

Todo encanto tem um dom, uma sina, um destino, uma escolha
O charme de uma flor não pode ipnotizar a si mesmo, se “narcizar”,
A candura da imagem deve dar lugar à doçura do fruto,
Deixar de ser beleza estimada para ser fruto à degustar,
Eis uma escolha que nem sempre é fácil tomar.

Jesus trilhou este caminho, encantou a todos com sua fraternura,
Agora é tempo de ser fruto, de nutrir uma humanidade,
Carente, portadora de uma desnutrição existencial,
Que a faz tentar eternizar, o ser flor,
Ela adora a flor sem deixar a flor se flor e assim, seguir seu caminho.

Na árvore da vida, alguns frutos são reservados,
Para alimentar pra sempre, são colocados de lado,
Aparentemente rejeitados, tornam-se utopia.

No altar da árvore da Cruz um fruto foi rejeitado,
Desprezado, ignorado, parecia que não tinha sabor,
Ou melhor, ou pior? Era repugnante.

Assim como naturalmente os frutos rejeitados caem e apodrecem,
Este fruto não apodreceu, pois uma apodrecida humanidade o feriu,
Na sua essência, no seu lado encantador,
“Donde” saiu as flores de compaixão,
Onde os amargurados encontraram consolação,
Deste fruto coração a vida seguiu resplandecente,
Batismo e Eucaristia, alimentos e boa água “para a vida da gente”.

Sangue e água são as sementes deste Fruto,
Que recriam no amor aqueles que se deixam encontrar.
Neste Mistério a vida é resignificada,
E nada mais pode impedir aquele que crê em ser um fazedor de utopia,
Agricultor de virtudes, transformador de tragédia em esperança.

Assim nesta Páscoa de Jesus assuma sua vocação à Ressurreição,
Já é tempo de deixar de ser flor, é preciso alimentar alguém,
Ser doçura ao paladar para aqueles que vivem o inferno do abandono,

Celebrar a Páscoa é renunciar a estética da flor,
É assumir a beleza da fecundidade da semente,
O que resta de um fruto que alimentou e que agora aguarda,
Na paciência, rebrotar em virtudes para santificar a humanidade.

Por pe. Éder Carvalho Assunção.  Missionário da Prelazia de Lábrea no Corno da África [email protected]

Leitura orante do Tri’duo Pascal

Ceia do Senhor – Lava pés

Ex 12,1-8.11-14

Sl 115

1Cor 11,23-26

Jo 13,1-15

 

Paixão do Senhor

Leituras do Dia

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