Em vosso caminho, anunciai:
O Reino dos Céus está próximo’.
Curai os doentes, ressuscitai os mortos,
purificai os leprosos, expulsai os demônios.
De graça recebestes, de graça deveis dar!
A memória cordial desempenha um papel importante no seguimento de Jesus de Nazaré, pois é através dela que a chama da fé persevera, insiste em permanecer acesa. Esta memória do coração motiva à ascese, dá sentido aos sacrifícios e mortificações, enfim, revigora a esperança.
Aqui pregamos não uma mera nostalgia, mas o kairós norteador da experiência pessoal com Jesus Cristo. O anúncio do Reino não nasce de um imperativo, mas de uma relação, pautada na liberdade, na transparência, na comunhão de almas.
É nesta relação pessoal com Jesus Cristo, o Emanuel, que as doenças da alma são diagnosticadas. Na casa de cura encontramos o Grande Pajé que nos mostra as ervas daninhas e medicinais presentes em nova vida. A cura se inicia no discernimento e na coragem de arrancar as ervas daninhas que sufocam e nos impedem de frutificar. Assim, aprendemos a gostar das ervas medicinais, que geralmente são amargas, e com elas curamos a alma para um seguimento livre e fecundo.
A vida em Cristo é construída com a nossa ressurreição de cada dia. Acordar e tomar a decisão de ser renovado, com o auxílio da graça, perdoar, perdoar e perdoar. Em cada perdão, uma ressurreição, em cada reconciliação, um degustar da salvação.
Existe em nós uma lepra espiritual, aquele que expõe nossas chagas, pecados e limitações. Ela destrói a estima e causa uma depressão existencial. Quando nossos pecados e limitações são expostos à luz do meio dia, necessitamos, mais do que nunca, receber o abraço misericordioso de Jesus e ali, tomar consciência que eu não sou um chaga, e sim alguém chagado, que busca incansavelmente vencer o pecados e inclinações que causam estas feridas.
Quando éramos inimigos de Deus,
fomos reconciliados com ele pela morte do seu Filho;
quanto mais agora, estando já reconciliados,
seremos salvos por sua vida
Renunciar ao mal, expulsar os demônios, com a força do jejum, dos sacrifícios, da oração, da santidade de vida. O simples fato de não perdoar já alimenta os demônios que nos rodeiam “como leão que busca sua presa”, como nos lembra São Pedro. A vida espiritual é uma constante batalha e aqueles que assumem a vocação com convicção são os mais tentados, pois o Mal sabe que são estes que se deixam guiar pelo Espírito na construção do Reino.
Tudo o que somos e temos é graça, dom. Que a memória afetiva do primeiro amor sustente os discípulos missionários de Jesus neste tempo presente onde o Mal, infelizmente, arma seu circo: guerras, fome, epidemias, mudanças climáticas, corrupção, drogas, fundamentalismo religioso etc.
Vistes o que fiz aos egípcios,
e como vos levei sobre asas de águia
e vos trouxe a mim
“Sobre asas de águia” nos encontramos, é esta a nossa vocação. A humanidade rasteja pois esqueceu este dom. Rezemos pelas vocações, afim de que o Espírito posso suscitar em todas as comunidades humanas do planeta, mulheres e homens transbordantes em bondade.
Por pe. Éder Carvalho Assunção. Missionário da Prelazia de Lábrea no Corno da África [email protected]
Uma leitura Orante :
www.prelaziadelabrea.com.br