Mas recebereis o poder do Espírito Santo
que descerá sobre vós, para serdes minhas testemunhas
em Jerusalém, em toda a Judéia e na Samaria,
e até os confins da terra.
O ser em suas buscas peregrina à lugares santos, territórios onde a Epifania do Sagrado se deu de maneira particular, aí se degusta um encontro mediado pelo clima alimentado por multidões que se unem num só coração. Nestes santuários vive-se a transcendência de maneira particular.
Porém, existe um outro santuário que aguarda pela peregrinação do ser: o santuário da alma sedenta. Este santuário encontra-se no mais profundo espaço da existência. Para aí peregrinar é preciso audácia e determinação, pois lá habita o Espírito derramado. Lá a Trindade alimenta o fogo pascal. Este santuário precisa ser pisado de “pés descalços”.
A vida espiritual deixada como preciosa herança pelo Cristo em sua Ascensão nos ensina “ascender descendo”. A descida de Cristo nos permitiu subir em dignidade e sua Ascenção nos ensina o caminho do esvaziamento.
Porque sublime é o Senhor, o Deus Altíssimo,*
o soberano que domina toda a terra.
Por que peregrinar somente fora? Por que não descer em peregrinação ao mais profundo do ser? Nesta decida as razões se alimentam de esperança e lá descobrimos a alegria da vocação. Deleita-se na gratuidade da presença do Espírito do Ressuscitado e descobre-se o tesouro da fé.
Que ele abra o vosso coração à sua luz,
para que saibais
qual a esperança que o seu chamamento vos dá,
qual a riqueza da glória
que está na vossa herança com os santos,
e que imenso poder ele exerceu
em favor de nós que cremos,
de acordo com a sua ação e força onipotente.
Nesta peregrinação, as fatigas do caminho se tornam fecundas como as dores do parto, a tortura dos medos dão lugar à doce presença do Consolador, as tempestades de dúvidas se entregam ao oceano da fidelidade. A ternura da companhia do Espírito, dom do Pai e do Filho,afagam a memória cordial e alimentam o desejo da comunhão.
Que tristeza encontrar interiores isolados, onde o Sagrado se encontra, abandonado, ignorado. Cristo nos ensina a degustar o Céu na morada da alma, buscando nos labirintos interiores… encontrando a sala do Encontro onde somos encontrados… assim o fez Tereza de Ávila.
Eis que eu estarei convosco todos os dias,
até ao fim do mundo’.
Muitos guardam nas memórias e nos álbuns fotos das externas peregrinações, tudo isso é bom, porém, nestes dias de Ressurreição deixemos o Espírito nos conduzir à Casa Maternal Paternal para assim degustar a Ascensão na simplicidade da descida ao nosso “tapiri interior”. Deixo-vos alguns possíveis caminhos:
1. Busque um mosteiro, invista em uma semana de silêncio. No deserto: tentação, paixão, ressurreição…
2. Em um canto de sua casa, faça seu pequeno santuário e aí dedique tempo ao silêncio fecundo. Não tenha medo de escutar o doce grito do Senhor no quotidiano de seu lar.
3. Muitos tombam na vida espiritual porque fazem da oração pessoal-mental-silenciosa, um apêndice e não uma prioridade. Outro erro é se conformar com encontros comunitários, onde o entretenimento, às vezes fala mais alto. Valorize a solidão, desconecte-se, busque o essencial.
4. Nesta Semana entre Ascensão e Pentecostes renove os compromissos assumidos, trate com sinceridade as quedas e as infecundidades, deixe-se modelar pelas mãos do Oleiro, redescubra a missão sonhada por Deus para ti.
Por pe. Éder Carvalho Assunção. Missionário da Prelazia de Lábrea no Corno da África padre.eder@hotmail.com
Uma leitura Orante :
1ª Leitura – At 1,1-11
Salmo – Sl 46,2-3.6-7.8-9 (R.6)
2ª Leitura – Ef 1,17-23
Evangelho – Mt 28,16-20
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