“Lá vai ela na canoa, bem cedinho ao Tapiri”
Numa canoa uma consagração, num remo uma utopia missionária,
Numa cuia de jacuba, um sustento necessário,
Num aconchego indígena e ribeirinho, uma razão se declara.
Ah Cleusa, no Passiá ainda encontramos teu sangue, tua ternura,
E isto nos sustenta na luta que ainda não acabou,
Quais seriam tuas palavras, teus gestos?
Nestes tempos onde o coronel se tornou ruralista,
Onde os capangas são agentes do Estado.
Veja Cleusa o que fizeram com Santo Antônio, com o vizinho Madeira,
E o Belo Monstro no Xingu!
Funai, Sesai… rifadas aos liberais, sucateadas!
Povos livres sem proteção,
Povos expulsos, marginalizados, mortos.
Tua presença solidária: é o que precisamos,
“Cochiche ao pé d’ouvido de Tsora”,
Reze! Diga que seus curumins estão num aperreio danado,
A Cobra Grande, lá da curva grande do rio dos brancos,
Faz de tudo para devorá-los.
Ah Cleusa, neste dia mergulho no Passiá,
Mergulho na tua profecia,
Alimento-me na mesma mística,
Para assim poder gritar,
#DemarcaçãoJá
Desculpe Cleusa, eu sei que agora maninha,
Tu és universal, teus varadouros vão além do Purus,
Porém não esqueça, minha comadre,
Teus afilhados pedem a bênção!
Por pe. Éder Carvalho Assunção Missionário da Prelazia de Lábrea no Corno da África [email protected]