por pe. Éder Carvalho Assunção – Missionário da Prelazia de Lábrea no Corno da África [email protected]
Diante das más notícias… a Alegria de uma Boa Notícia
A Alegria do Evangelho enche o coração e a vida inteira daqueles que se encontram com Jesus. Quantos se deixam salvar por ele e são libertados do pecado, da tristeza, do vazio interior, do isolamento. Evangelii Gaudium
Inspirados no ministério de Francisco; que completa dois anos de missão como bispo de Roma, de onde preside na caridade a Igreja em sua catolicidade; iniciamos nossa reflexão orante da liturgia deste 4º Domingo da Quaresma. Vale à pena se debruçar sobre a Palavra… e mais que lê-la… deixar que Ela que nos leia.
Cf. 2Cr36,14-16.19-23 / Sl 136 (137) / Ef2,4-10 / Jo3,14-21
Agraciados, “enternurados” e salvos… só Deus faz assim…
Somos restaurados pela graça de Deus. Ele nos concede este presente, esta prova de amor… mesmo quando não merecemos. Ele nos oferece a luz mesmo quando estamos nas trevas… Esta alegria nos contagia nos faz perceber o quanto Deus nos ama e deseja a nossa felicidade neste tempo presente e em plenitude na eternidade.
Para manter viva em nós a ternura da graça é preciso, como Nicodemos, fixar o nosso olhar em Jesus Cristo. Nele temos o ser humano em sua plenitude, Nele temos a Divindade que se entrega por amor. Para ser feliz é preciso realizar-se e afirmar-se Nele.
As serpentes que envenenem e tentam roubar nossa alegria
Recordar a tradição bíblica sobre o “povo de cabeça dura” que com sua reclamações “chamam para si” as serpentes venenosas, assim também nós neste tempo que se chama hoje podemos ser envenenados pela desesperança e pela tristeza. Na verdade, todas as vezes que fazemos escolhas erradas, permitimos “as mordidas venenosas” que nos apodrecem em vida. O soro antiofídico, a cura… está em fixar o olhar sobre a Cruz de Jesus. O povo no deserto contemplou a origem do veneno, na cruz contemplamos a graça que cura e salva.
Contemplar a Cruz
Resta-nos rezar: “Dai-nos Senhor a graça de fixar nosso olhar sobre a vossa Compaixão”.
Sabemos que Jesus veio nos dar a vida. Seu sacrifício no Altar da Cruz não foi para a morte do morte do pecador, mas para que ele “volte” e tenha a vida.
É impossível ou falso querer “olhar” o Crucificado sem olhar aqueles que continuam sendo crucificados ao nosso lado.
Não precisamos de “cristãos serpentes”, precisamos de “cristãos iluminados” que nos ajudem com suas vidas a contemplar o Cristo.
É preciso ir ao deserto
O padre Charles de Foucauld nos ajuda nesta caminhada quaresmal, pois ele experimentou no deserto e no martírio a misericórdia de Deus. Ele nos ensina que é preciso ir ao deserto para mudar o coração, senão restamos na “mediocridade espiritual” que não nos imuniza diante dos venenos que estão a nossa volta. É preciso ir ao deserto e “inquietar-se” para assim receber a graça de Deus. É preciso se esvaziar de tudo que não é de Deus e deixar todo o espaço da morada de nossa alma para que Deus possa inundar todo o nosso ser.