A memória eucarística é oásis no deserto, ilha no naufrágio, doce no amargo, olhar na indiferença

Caminhamos para o encerramento do ano litúrgico e por isso encontramos os temas da Parusia e da Escatologia na liturgia da Palavra deste domingo. Se bem que, a Vinda do Senhor e a Plenitude dos Tempos, ou seja, a consumação de tudo em Cristo é uma realidade vivenciada em cada liturgia.

Antes de qualquer coisa, somos convidados a contemplar o “agir de Deus” na história da humanidade e nada mais simbólico que a presença de Miguel. Nele podemos apalpar um Deus que defende seu povo e que é próximo de suas dores.

Em Miguel Deus luta por nós, ele combate em nosso favor. Agora, em Cristo Jesus, Deus mesmo se faz nossa proteção com as armas da ternura. Se as imagens do antigo testamento são ricas em armas e em combates, o Cristo apresenta sua arma: serviço silencioso.

A imagem do combate responde às lutas que são atuais, as batalhas que são intermináveis. Diante da possibilidade e da tentação de desertar, somos convidados à fidelidade. Unir nossas lutas ao sacrifício único do Cristo se torna o único caminho daqueles que esperam amando.

Nesta luta interior, aquele que espera “somente” em Cristo, leva consigo um coração que rejubila. Os confrontos existem, as feridas estão abertas, a dor é permanente… porém, a presença constante do Amado refrigera a alma e tudo transforma em alegria pascal.

“Os céus e as terras passarão, mas minhas palavras não passarão”

Em nosso caminho pessoal e eclesial de construção do Reino, o Espírito Santo se torna protagonista no “injetar esperança”. Pois sem ela fica difícil de esperar. É ela que torna viva a memória do Amado. Sem dúvida nenhuma, a memória eucarística é oásis no deserto, ilha no naufrágio, doce no amargo, olhar na indiferença, sussurro no grito, ternura na violência…

Preocupações existem, mas a confiança em Deus é bem maior. Afinal, ele é nosso início, meio e fim.

Durante estes últimos dias do ano litúrgico, nós contemplaremos leituras bíblicas com tons apocalípticos, muitos tem meio e até receio, pois ainda não compreendem que Deus é Misericórdia e os textos escatológicos apresentam uma realidade que Santo Agostinho apresenta desta maneira: fizeste-nos Senhor para vós, e o nosso coração está em inquieto, enquanto não descansar em vós Senhor.

A maneira como vivemos pode definir o nosso fim. Se vivemos em plenitude, amando e sendo amado, o fim se torna um irmão, um amigo que ajuda a atravessar a ponte rumo à plenitude.

por Pe. Éde Carvalho Assunção Missionário da Prelazia de Lábrea no Corno da África [email protected]

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