“Igreja” que não envia é “seita” que deveria se chamar “Estéril”.

Por Pe. Éder Carvalho Assunção – Missionário da Prelazia de Lábrea no Corno da África [email protected]

Este altar todos os dias recebe um presbítero pra celebração do Mistério Pascal do Senhor. Ao contemplá-lo pensamos: um entre os muitos altares de nossas comunidades espalhadas pelo mundo, simples e nobre. Porém, ele possui uma particularidade… a capela que o porta é situada numa pequena cidade africana do Corno da África, onde o único cristão é o padre que nele celebra todos os dias. A missão é centenária e silenciosa, testemunha o amor a Deus ao próximo através de uma pequena escola numa das regiões mais pobres do planeta, afetada pela fome, pela sede e pelas guerras.

Foi neste altar que hoje, eu e este padre celebramos a Eucaristia na Festa do Batismo do Senhor. No momento da homilia partilhamos um pouco de nossa história de consagração à partir do Batismo, pois foi lá, assim como o Cristo, que escutamos o nosso nome da voz do Pai que nos diz no Filho que somos seus filhos amados e assim, na força deste Espírito nos lançamos na missão de Evangelizar (cf. Mc1,7-11).

Ao contemplar o testemunho deste irmão no ministério, que abriu mão de uma comunidade paroquial para se doar numa comunidade universal pude perceber a beleza da consagração batismal. No silêncio de sua “cartuxa missionária” em cada Eucaristia, ele testemunha que o Cristo nos envia como irmãos para servir na gratuidade e na abundância (Is55,1-11).

Sabendo que é o Espírito que dá testemunho (1Jo5,1-9), creio que hoje temos a oportunidade de renovar nosso batismo e assim abraçar a dimensão universal que ele comporta. Não podemos fazer de nossas comunidades seitas que se fecham em si mesmas, que se escondem da Missão e que se limitam em ajudas financeiras. Creio que este irmão padre, que reza a “missa sozinho” todos os dias é um irmão muito mais universal do que aqueles que se “amontoam” todos os domingos em seus “mega templos” e retornam para sua desgraçada solidão semanal de indiferença para com aqueles que mais sofrem no mundo.

É preciso sentir a força missionária do Batismo em nós… não abafemos o amor que deseja se manifestar em nossa história. Reze em segredo, pense neste padre que hoje “celebra sozinho” pois os seus companheiros de missão preferiram permanecer na “segurança e no conforto de sua comunidade de origem”. “Igreja” que não envia é “seita” que deveria se chamar “Estéril”. E agora José, sou Igreja ou “seita”?

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