Identificar-se com o Cristo e com ele integrar-se. O cristão vive nesse dinamismo, nesta busca constate, nesta entrega total, neste encontro apaixonante. No caminho, como discípulos imaturos oscilamos entre a “profissão de fé” e a “fuga da Cruz”. Entretanto, aquele que vai além, nos ensina a assumir a identidade cristã na renúncia integradora e na Cruz que gera vida.
Esta identidade pode ser vista como masoquista por este tempo, porém, para aqueles “que se contentam em contentar a Deus” (cf. Sta. Míriam de Jesus Crucificado) ela revela a relação pessoal entre o discípulos e seu Mestre.
A fecundidade das obras de gratuidade daqueles que “se deixam encontrar” traduz a fé e a personalidade missionária destes que “não se deixam abater o ânimo” e que andam constantemente na presença de Deus.
Creio que para nós se lança um desafio, diante da liturgia da palavra deste domingo: Como identificar-se com o Cristo?
Amar a Cristo comporta abraçar a sua Cruz, abraçar os milhões de invisíveis e “zeros econômicos” que perambulam nas margens de nossas sociedades. O próximo não é aquele que está ao meu lado, mas aquele que eu me aproximo, como Cristo o fez, ou seja, aproximar-se daqueles que ninguém quer estar perto.
Sendo assim, a personalidade do discípulo missionário deve ser construída à luz do mistério da compaixão que brota da Páscoa do Senhor. Muitos cristãos estão “deformados”, pois não conhecem a Cristo… durante as celebrações dizem que ele é o messias, mas durante a semana, fogem da cruz, omitem-se e escondem-se em preces vazias.
É preciso apaixonar-se pelo mistério de Deus, deixar a nostalgia do passado e encontrar-se com o Ressuscitado, vivo em nosso meio, presente na criação, presente em cada coração humano. Assim, poderemos dizer que somos cristãos, pois seremos imagem e semelhança do Cristo, na gratuidade e no serviço da caridade.
Por pe. Éder Carvalho Assunção – Missionário da Prelazia de Lábrea no Corno da África [email protected]
Leitura Orante: Mc8,27-35 / Is50,5-9 / Sl114 / Tg2,14-18