por pe. Éder Carvalho Assunção – Missionário da Prelazia de Lábrea no Corno da África [email protected]
Uma mensagem para o povo…
“E da flor nasceu Maria… de Maria o Salvador… oiá Meu Deus…” nos cantos e encantos do povo simples que não precisa de complicações para se encontrar com Deus nos lançamos no Mistério do Natal do Senhor.
No imaginário popular o Natal causa aquela lembrança gostosa do tempo do seringal, das festas em famílias, da fé incondicional, assim, no Purus de tantos povos celebramos de casa em casa, de tapiri em tapiri, de maloca em maloca, o Natal de Jesus que se fez gente como agente.
Ciente que ainda esperamos a Vinda definitiva do Reino, vivemos antegozo celestial, recordando e atualizando a Encarnação de Jesus. Durante o tempo do Advento nós contemplamos a imagem da mulher grávida, prestes a parir, que precisa de cuidados, de afago, de carinho, de ternura… tempo de espera… Agora, a comadre Maria “descansou” debaixo do mosquiteiro e o Salvador que se fez curumim… agora é preciso “contemplar correndo atrás” do Menino que brinca no terreiro da Colocação.
Que cada Comunidade Eclesial de Base da Prelazia celebre com entusiasmo 0 Natal do Senhor no embalo do banzeiro do Purus.
Na esperança e na força do Natal, que o Senhor arme em ti o seu tapiri e habite por séculos sem fim em sua família! Um Santo Natal!
“ Eita que beleza… no toque do banzeiro, no clima do luar, o Senhor nasceu entre nós, pra olhar nossa malhadeira, pra ajudar em nossa farinhada, pra matar pium na beira do rio… eita… Meu Deus… Valha-me Minha Nossa Senhora… Ele agora mora em nossa barraca… bora logo… varrer pelo menos a casa, botar água em cima… buscar o peixe na malhadeira… pois hoje… no Natal do beiradão… tem alegria de montão… eita… meu Menino Jesus “que eu gosto de montão!”
Uma Liturgia para o dia…
O texto da missa da aurora do Natal nos ajuda a perceber porque Deus se fez simples… imagine… os anjos anunciam aos pastores, os pobres pastores que não eram nem contados, agora são portadores da “Alegria do Evangelho” (cf. Lc2,15-20).
Que bom seria se neste tempo do Natal pudéssemos procurar a manjedoura de Jesus nas manjedouras dos “não-amados” e dos “não-contados”. Para nós é tão fácil olhar o menino Deus no presépio, pois lá ele é “limpo e cheiroso” e não dá trabalho a ninguém. Porém, enquanto estamos paralisados em nossas liturgias, muitos são “as Marias e Josés” que vivem angustiados, pois neste mundo os seus filhos não “são bem-vindos”.
Portanto, coragem! Deixe de lado a hipocrisia de Herodes, pois a omissão mata tanto quanto a perseguição. Senso de bondade sem prática é sinônimo de maldade. Como Isaías precisamos anunciar “às extremidades da terra” (cf.Is62,11-12) que Deus não nos abandonou e que Ele é o consolador.
Se a luz de Cristo brilha neste tempo (cf. Sl96), precisamos refleti-la renascendo em Cristo. Se somos herdeiros da vida eterna (cf.Tt3,4-7) devemos eternizar nosso testemunho de caridade. Portanto, não abortemos o Sonho de Deus que fecunda nosso útero existencial. Deixemos Ele nascer e renascer em nossa história vocacional.