Dom Jesus Moraza, bispo emérito da Prelazia de Lábrea, se despede, “até logo!”

De 1970 a 1989 e de 1994 a 2016, Jesus Moraza tem passado seus dias e suas noites a serviço do povo amazonense da Prelazia de Lábrea, no Brasil. Na primeira etapa como missionário voluntario; na segunda, como bispo a serviço do povo de Deus que caminha naquelas terras brasileiras. Depois de um tempo de descanso e reposição, se não lhe pedirem outros serviços, voltará, como um missionário a mais, a evangelizar o povo, pelo qual se tem dedicado e desgastado por mais de quarenta anos.

O novo bispo de Lábrea é o agostiniano recoleto Santiago Sánchez Sebastián, que tomará posse de seu cargo de Prelado no dia  19 de junho. Mas antes que dom Jesus deixe a Prelazia, quisemos  ter com ele uma longa conversa com dois objetivos: que nos informe do estado atual da prelazia, pois possui uma visão ampla da mesma por sua longa permanência e em condições distintas, e para agradecer-lhe, especialmente, pelos seus vinte e dois anos de pastoreio numa porção notadamente difícil da Igreja de Deus.

Infância e processo de formação como seminarista

Antes de  qualquer pergunta fazemos sua apresentação: Jesus Moraza Ruiz de Azúa é um alavés de Araya, Espanha,  nascido em 1945. Filho de família numerosa: sete irmãos. Seu pai foi funcionário da Diputação foral alavesa que teve que trabalhar duramente para manter seus sete filhos numa situação política de pós-guerra. Sua mãe cuidava da casa, da família e se ocupava também da agricultura. Conta o próprio Jesus que “com onze anos ingressei no seminário menor dos Agostinianos Recoletos, em Lodosa (Navarra, Espanha). Pouco a pouco, com a orientação dos formadores, leituras e os exemplos heroicos dos missionários de China, Filipinas e Amazonas, foram marcando minha vida e dirigindo para as missões. O exemplo de frei Jesus Pardo, na Prelazia de Lábrea, que deu sua vida salvando a algumas crianças que se afogavam na beira do rio Purus, me marcou profundamente”. Continuou seu processo formativo com os estudos de filosofia em Fuenterrabía, Guipúzcoa; o ano do noviciado em Monteagudo, Navarra e os quatro anos de teologia em Marcilla, Navarra, onde fez a profissão solene e recebeu a ordenação presbiteral.

• Voluntario para a  missão de Lábrea

Seu primeiro destino foi o Colégio Santo Agostinho de Valladolid, onde trabalhou como professor de primaria no ano de 1969-1970. Residindo neste colégio chegou uma circular do prior geral da Ordem em que pedia voluntários para a missão de Lábrea. Este pedido levou o jovem Jesus a se oferecer como voluntario, o que orientou definitivamente sua vida para as missões. Relata Jesus que,  “o dia 15 de agosto de 1970 viajei para o Rio de Janeiro junto com outros cinco voluntários. Em poucos dias, no Rio de Janeiro, conseguimos preparar a documentação de permanência e pudemos viajar a Porto Velho e Lábrea – se  não me engano, o dia 20 de agosto do mesmo ano –. Poucos dias antes tinha chegado também a Lábrea o outro missionário, Frei Florentino Zabalza, destinado a ser superior religioso da comunidade agostiniano recoleta da missão de Lábrea e, um ano mais tarde, bispo da Prelazia”.

• Trabalho  missionário

Após uma curta estadia em Lábrea para estudar a língua e conhecer um pouco a realidade da Prelazia, logo teve a oportunidade de ter sua primeira experiência pastoral com Frei José Luis Villanueva e o veterano Frei Saturnino Fernández, durante parte dos meses de setembro e outubro visitando os ribeirinhos dos seringais do rio Purus, na paróquia de Lábrea. “Foram uns 20 dias inesquecíveis que me permitiram apreciar o talante acolhedor, simples e alegre dos ribeirinhos ao receber-nos em seu convívio”, refere Jesus.

Em novembro do mesmo ano, junto com os religiosos Miguel Ángel González e Francisco Piérola foram destinados à paróquia de Tapauá, onde serviu como coadjutor durante 5 anos, ajudando também na área da saúde e da educação, até que o prelado Dom Florentino Zabalza, o  solicitou para servir, durante, três anos , na estruturação das Comunidades Eclesiais de Base em todo o percurso do rio Purus, dentro do território da Prelazia, desde Pauini até Tapauá. Nos três anos chegaram a se formar umas 300 comunidades ribeirinhas que passaram então a ser acompanhadas pelos missionários de cada uma das paróquias.

Em 1978 foi nomeado pároco de Lábrea, servindo nesta paróquia até 1987. “Foi durante esta época quando tive conhecimento da Irmã Cleusa, com quem tive a oportunidade de viajar pelo Purus e afluentes até seu martírio à beira do rio Passiá. Coube-me localizar seu corpo, depois de vários dias desaparecida. A  morte de Irmã Cleusa  foi motivo para que os povos indígenas da região fossem  conseguindo o reconhecimento de suas terras… Foi também nessa época que  desapareceu frei Mario Sabino, quando subia de barco para a sua paróquia de Pauini; um testemunho também de entrega completa ao povo desta Prelazia”, comenta dom Jesus.

• Um quinquênio de respiro

Em 1987 foi destinado à Paróquia de Tapauá até 1989, quando voltou à Espanha, pensando que já havia dado o suficiente pela missão… Um ano de atualização teológico-pastoral no Instituto Superior de Teologia Pastoral –Leão XIII– de Madrid e, em 1990 foi destinado à paróquia de Nossa Senhora de Boa Vista, em Getafe, Madri, como vigário paroquial e professor do Instituto José Hierro, até janeiro de 1994 quando foi nomeado bispo da Prelazia de Lábrea.

FONTE: http://www.agostinianosrecoletos.org/

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