Autor: Gualberto Bruno de Andrade
I V
Padre José de Anchieta Foi com Duarte da Costa
Espanhol de nascimento, Que veio para o Brasil,
Em Tenerife nasceu, Trabalhou lá na Bahia,
Foi grande acontecimento. Como se fosse servil.
A família se alegrou, Sem receber honorário,
Toda gente se abraçou, Foi do Senhor emissário,
Festejou-se o advento. Até a idade senil.
II VI
Desde sua meninice, Transferiu-se para o sul,
Foi fiel à religião, Pra Vila de São Vicente.
Queria ser sacerdote, Havia índio demais,
Além de puro cristão. Mas de ajuda carente.
A família exultou Aprendeu logo o Tupi.
Quando com os pais falou Para ensinar os dali
Dessa sua vocação. Quem é Deus e a ser crente.
III VII
Era primo de Inácio Com Nóbrega, subiu a serra,
De Loyola, que é santo. Para São Paulo fundar.
Queria ser como ele, Anchieta tinha em mente
Isso a Deus pedia tanto. O gentio catequizar.
Saiu de seu arraial, Fez no planalto um colégio,
Mudou-se pra Portugal. Sem nenhum auxílio régio,
Um país cheio de encanto. Para mais fácil ensinar.
IV VIII
Ao chegar a Portugal, Esteve em Iperoígue,
Procurou um seminário. Onde foi feito refém.
Aprendeu algumas letras, Lá ficou com os tamoios
E a seguir o abecedário. Que o trataram muito bem.
Virou logo jesuíta, Para a mamãe de Jesus,
E na cabeça cogita Que morreu por nós na cruz,
De no Brasil ser vigário. Fez um poema também.
IX XI
Mudou-se mais para o norte, Escreveu uma gramática
E fundou Guarapari. Em Tupi, que é muito boa.
Construiu uma capela Ensinava a Língua aos padres
Pros silvícolas dali. Que vinham lá de Lisboa.
Ensinou a religião Era cheio de bondade,
Aos índios da região, E por sua caridade
Que falavam o Tupi. Sua fama inda ressoa.
X XII
Compôs peças de teatro Morreu perto, em Reritiba,
Para levar o selvagem Foi levado pra Vitória.
A amar a Deus do céu, No caminho, as andorinhas
E a deixar a vadiagem. Iam juntas (uma glória!),
Aquela gente tão brava Sombreavam o caixão,
Não queria ser escrava, Pr’evitar corrupção.
Mas aceitou a mensagem. Isso é o que conta a história.
XIII
Agora o Papa Francisco,
Sem mesmo pestanejar,
Garantiu ser do aprisco
Aquele sublime avatar.
Quem colheu tão grande messe,
Não há dúvida, merece
A glória de um altar.
Foi declarado, portanto,
Da Igreja um novo santo,
Para o cristão venerar.
Nota:- Embora já tenha escrito vários romances, livros de poesias e contos, tira-dúvidas de Português, livro com 1000 frases em Espanhol, livro com 3000 pensamentos, nunca me arrisquei no gênero “cordel”. Aventurei=me agora com o propósito de homenagear o Santo José de Anchieta e em agradecimento aos nordestinos que tanto têm feito pela poesia brasileira.


