Conversando sobre a Política como arte do bem comum

Falar de política não é um assunto trivial, muito menos, caro leitor, quando nossa conversa se realiza há alguns dias em que os mais de 5.000 municípios brasileiros escolherão (de livre e espontânea vontade) através do sufrágio (voto) seus representantes para o Executivo e Legislativo municipais, ou melhor, seus Prefeitos e Vereadores.

Quando falamos de bem comum nos referimentos a bens e serviços direcionados à comunidade, à toda a sociedade, que usufruirá em comunhão – de todos os benefícios administrados por seus representantes, enaltecendo o que dizia São Tomás de Aquino: a “politica é a arte de governar os homens e administrar as coisas, visando o bem comum, de acordo com as normas da reta razão”.

Trazemos essa reflexão porque, Aristóteles, um dos maiores sábios gregos, pregava que política é a “ciência e a arte do bem comum. Para ele a cidade deveria ser governada em proveito de todos, e não apenas em proveito dos governantes ou de alguns grupos”. Será que essa segunda parte da fala do filósofo faz algum sentido para nós?

Para que a política como arte do bem comum possa prevalecer em nossa sociedade o cidadão necessita ser mais participativo, mais politizado, que se organize para fiscalizar e acompanhar as ações de seus representantes, evitando aquilo que fora evidenciado, há tempos, por Platão que: “Não há nada de errado com aqueles que não gostam de politica. Simplesmente serão governados por aqueles que gostam”.

Nesse ínterim, apresentamos alguns questionamentos (entenda-se provocações) a serem direcionados pelo eleitor de Lábrea aos candidatos, haja vista a importância das inquietações para a construção de uma ingente sociedade, na qual todos tenham as mesmas benesses:

  1. Para os candidatos a Prefeito:
  • Estamos numa ferrenha crise econômica e os recursos repassados aos municípios serão cada vez mais escassos. O que o faz ser candidato nesse cenário tão adverso?

  • Na Educação, há todo um contexto de investir na valorização do profissional da educação, necessidade de melhorias estruturais nas escolas, consolidação de uma merenda escolar e material didático dignos. O que fazer (pontualmente) para resolver esses problemas?

  • Com relação à saúde não precisa falar muito, basta verificar as condições do nosso hospital: faltam servidores, medicamentos e um atendimento mais humanizado. Como melhorar a saúde de Lábrea, a partir da ineficiência do Estado?

  • Para não me alongar muito, Lábrea possui sérios problemas relacionados ao Meio Ambiente, Saneamento Básico, trânsito, déficit habitacional, destinação de resíduos sólidos, acesso à Cultura, recursos humanos, desenvolvimento do Esporte, Turismo e Lazer, investimento em ações a públicos específicos como crianças, adolescentes e jovens, dentre muitíssimos outros pontos nevrálgicos. O que sua administração pretende realizar (ações estratégicas viáveis) para resolver esses e outros impasses?

  • Como se dará seu relacionamento com os diversos Conselhos Municipais e demais instâncias representativas da sociedade visando uma gestão municipal devidamente participativa?

  1. Para os candidatos a Vereador:

  • O que o candidato conhece a respeito de contas e orçamento públicos de uma Administração Municipal?

  • O que o candidato sabe a respeito das peças orçamentárias: Plano Plurianual, Lei Orçamentária Anual e Lei de Diretrizes Orçamentárias?

  • O que conhece sobre o Código de Postura e sobre a Lei Orgânica do Município?

  • Em que comissão especial da Câmara pretende atuar: Direitos Humanos; Obras e serviços públicos; Constituição e Justiça; Redação; Educação; outra?

  • Como se dará o seu contato com o público em geral e como realizará a discussão das questões locais que Lábrea tanto necessita para a construção de dias melhores?

Se o seu candidato não possui respostas convincentes (através de estratégias e ações de trabalho) para esses questionamentos (e outras temáticas fundamentais), no mínimo, ele não tem como representar você e nesse caso sugiro a busca imediata de  candidato alternativo, visto que Prefeitura e Câmara Municipal não são repositórios de parentes, amigos, conhecidos, afetos ou desafetos senão um lugar apropriado para pessoas capacitadas (e conhecedoras dos trâmites legais) que direcionarão o futuro de nossa querida Lábrea nos quatro (próximos e longos) anos.

Que essa nossa conversa sirva de alerta para que o eleitor questione mais seus candidatos; para que os candidatos procurem estudar a política e os meios de caracterizá-la como mecanismo de engrandecimento da nossa sociedade e que ao final do processo eleitoral, sejam organizadas estratégias para acompanhamento à atuação do Prefeito e Vereadores eleitos, porque todos somos partícipes desse processo eleitoral que apenas começa, no dia da eleição, contrariando a visão de vários eleitores.

Uma democracia forte se faz com a participação efetiva do cidadão politizado, que busca incessantemente a consolidação da política do bem comum e que não se deixa levar por interesses escusos e benesses individuais.

Finalizamos nossa conversa parafraseando o filósofo e educador Mário Sérgio Cortella, para quem “devemos conclamar as pessoas a se interessarem pela política do cotidiano ou estaríamos diante de algo novo, um momento de saturação do que já conhecemos e maturação de novas formas de organização social e política”.

TEXTO: Antonio Paulino dos Santos – Catequista na Paróquia N.S. de Nazaré e Especialista em Gestão Pública Municipal

 

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