Concede-nos Senhor, a graça da sensibilidade, a coragem profética.


Imagine o que se passa no coração de uma mulher que muito amou e agora se encontra sem a presença física do seu amado. Marcada pelo preconceito de uma sociedade patriarcal que praticamente “a enterrou em vida” confiscando todos os seus direitos, maculando sua identidade.

Assim se encontravam muitas mulheres viúvas no tempo de Jesus e é justamente uma destas que lhe chama atenção à ponta de ser o sujeito de sua pregação. Em Jesus, temos um Deus que contempla e se encanta com os gestos simples, ricos em significados.

A pobre viúva nada mais é que a imagem da Amada, que aqui podemos traduzir como a Humanidade, que suspira pelo Amado, que fisicamente “não está”, porem sua ausência se torna uma nova forma presença através da recordação afetiva.

Quando tudo se doa, quando resta somente a Providência… encontramos o essencial. Nada mais tem valor que o desejo de se reencontrar definitivamente com o Amado, que retornará e baterá à porta do coração.

Hoje nos faltam a confiança total da viúva da primeira leitura e a doação total da viúva do Evangelho, para assim entendermos a esperança que brota da segunda leitura.

Creio que chegou o momento de tudo doar, de nada esconder, para enfim “viver só de Amor”. Não nos esqueçamos que só pode tudo doar quem muito amou. A memória afetiva da presença do Amado em nossa vida é de fundamental importância. Ela é capaz de curar os traumas, apaziguar as desilusões.

Senhor Jesus, envia teu Espírito sobre nós,
acalente o nosso ser, consagre o nosso ser.
Ensinai-nos a tudo partilhar.
Perdão pelas vezes que “doei” o resto, o pior, aquilo que não é essencial, perdão pela hipocrisia.
Concede-nos Senhor, a graça da sensibilidade, a coragem profética.
Sei que não posso te seguir com todas as quinquilharias que pesam o meu existir, e por isso,
permita-me fazer do seu Sagrado Coração, o cofre da mais sincera oferenda.
Quero tudo doar e com nada mais ficar, somente teu Amor e tua Graça. Amém.

Leitura orante:

1Rs 17,10-16 / Sl 145 / Hb 9,24-28 / Mc 12,38-44

por pe. Éder Carvalho Assunção Missionário da Prelazia de Lábrea no Corno da África.

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