CEAMA, um sinal de esperança – Cinco anos após o Sínodo da Amazônia

1. Com alegria e gratidão, como peregrinos da esperança, nós bispos membros da
Conferência Eclesial da Amazônia (CEAMA), convocados por sua presidência, nos
reunimos de 17 a 20 de agosto de 2025 na sede do Conselho Episcopal Latino-Americano
e Caribenho (CELAM), em Bogotá. Em comunhão fraterna e guiados pelo Espírito Santo,
nos dispusemos a ouvir e identificar os processos que, inspirados pelo Sínodo da
Amazônia e pela Exortação Apostólica Querida Amazônia, nos permitiram reconhecer
nossos avanços, resistências, desafios e esperanças.

2. Como Igreja Pan-Amazônica, agradecemos ao Papa Leão XIV pela mensagem que nos
enviou e nos comprometemos a continuar respondendo em nosso trabalho pastoral às
dimensões que ele nos indica: “A missão da Igreja de anunciar o Evangelho a todos os
homens (cf. AG 1), o tratamento justo aos povos que ali habitam e o cuidado da casa
comum”.

3. Nós, pastores em uma Igreja sinodal, com imensa gratidão reconhecemos a entrega
generosa e arriscada de numerosos membros do Povo de Deus (leigos e leigas, religiosos
e religiosas, diáconos, presbíteros e bispos) na Amazônia. A vida entregue martirialmente
de numerosas irmãs e irmãos na fé é um testemunho vivo que nos anima continuamente
na nossa missão evangelizadora. Valorizamos os passos significativos que, como povo de
Deus, demos na escuta, na articulação das dioceses, na revitalização dos diversos
conselhos, no planejamento pastoral e na formação teológica, espiritual, ministerial e
pastoral que busca responder aos sinais dos tempos. Apreciamos uma maior consciência
em relação à ecologia integral, ao bioma, à defesa do território e aos direitos de seus
habitantes, particularmente dos povos originários. Muitas de nossas comunidades
desenvolvem um trabalho silencioso e arriscado diante das ameaças que sofrem por
defender seu território. Elas estão conscientes da importância do ecossistema amazônico
para a vida de suas comunidades, que está ligada à vida do planeta, porque tudo está
interconectado (cf. LS 16).

4. Valorizamos com sinceridade o processo realizado até o presente e reconhecemos com
humildade e honestidade certas resistências que vemos traduzidas em medos persistentes
à mudança para uma Igreja sinodal e com rosto amazônico. Alguns desses receios se
manifestam na falta de discernimento, na permanência de um certo autoritarismo e
clericalismo em alguns setores da Igreja; também se mostram, às vezes, no pouco espírito
missionário e na falta de disposição e audácia para ir às periferias.

5. No campo da evangelização, sentimo-nos impulsionados a ser instrumentos de
comunhão, comunicação e sinodalidade; somos desafiados a gerar algumas prioridades
sinodais que sejam aplicáveis de acordo com a realidade que vive cada jurisdição
eclesiástica na Amazônia. Como bispos, sentimo-nos chamados a crescer no espírito
profético que sempre deve caracterizar a Igreja.

6. Neste ambiente de discernimento, o Espírito de Deus nos impele a assumir, ser e viver
uma Igreja centrada no batismo, do qual surgiram todas as vocações e ministérios ordenados, instituídos e aqueles que o Espírito continua suscitando. Como nos lembra
São Paulo: “Todos nós recebemos um mesmo Espírito no batismo, para formar um só
corpo; e todos participamos do mesmo Espírito. Além disso, o corpo não é composto de
um só membro, mas de muitos” (1 Cor 12, 13-14).

7. A Amazônia, muitas vezes vista como uma terra a ser despojada – território de
sacrifício –, nos compromete a ser pastores que escutam e compartilham com
sensibilidade as culturas e as espiritualidades dos povos que a habitam. Fazemos memória
de que somos terra (cf. LS 2) e que ela clama pelos danos que lhe causamos. Este
tratamento irresponsável e desrespeitoso que temos dado à terra gerou a crise climática.
Em resposta a esta crise, renovamos nosso compromisso com a ecologia integral e o
cuidado da casa comum. Queremos continuar crescendo como uma Igreja com coração
amazônico, que caminha com suas comunidades, que aprende com a sabedoria ancestral
dos povos indígenas e que se deixa interpelar por seus clamores e seus sonhos. A
Amazônia não é uma terra vazia para ser explorada; é uma terra habitada, amada e cuidada
há gerações, e é lugar da presença de Deus.

8. Caminhamos juntos nesta missão, como pastores e povo, cuidando dos nossos fiéis e
sendo cuidados por eles. Não estamos acima nem à parte, mas ao lado, compartilhando
as alegrias e os sofrimentos das nossas comunidades, aprendendo da sua fé simples e do
seu testemunho de ser sal e luz da terra (cf. Mt 5,13-14), deixando-nos sustentar por sua
proximidade e por sua oração.

9. O fruto do nosso encontro confirma nossa pertença à Conferência Eclesial da Amazônia
(CEAMA), que reconhecemos como espaço privilegiado de comunhão, discernimento e
missão. Comprometemo-nos a fazê-la crescer, fortalecer-se e consolidar-se, para que seja
oportunidade de serviço e renovação para cada comunidade cristã da região, e sinal de
esperança para toda a Igreja. Desejamos desenvolver programas de formação para
seminaristas e clero, vida religiosa e agentes pastorais. Esperamos, a partir da CEAMA,
empreender a busca de formas de sustentabilidade econômica, que nos permitam obter os
recursos necessários para nossa pastoral e facilitar uma colaboração mais estreita entre as
jurisdições eclesiásticas vizinhas.

10. Agradecemos ao CELAM, instituição eclesial de comunhão e participação para a
América Latina e Caribe, pela acolhida e hospitalidade durante estes dias.

11. Confiamos este compromisso à intercessão de Maria, Mãe da Amazônia, que sempre
caminha com seus filhos nos momentos de luz e de cruz.

Bogotá, 20 de agosto de 2025
Os bispos da Conferência Eclesial da Amazônia (CEAMA)

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