“Um dia escutei teu chamado, divino recado batendo no coração…”

por pe. Éder Carvalho Assunção – Missionário da Prelazia de Lábrea no Corno da África padre.eder@hotmail.com

A contemplação do “tempo” nos lança numa nova realidade, pois nós somos oprimidos pela lei do Chronos que faz da vida somente uma sucessão de segundos… minutos… horas… dias… meses… anos. Nós dependemos disto, porém somos mais do que isso. Nós estamos no tempo mas o tempo não é capaz de abarcar nossa realidade em sua totalidade. O tempo é limitado.

Portanto, nós precisamos de uma mudança de pensamento para assim lançarmos um novo olhar sobre a vida, ou seja, uma verdadeira contemplação. Muitos são contaminados pelo medo dos efeitos do tempo: rugas, pernas enfraquecidas, vistas limitadas, pessoas amadas “que se vão”… O tempo portanto, é um inimigo de todos que pensam desta maneira e que são incapazes de mudar o olhar.

Para o poeta o tempo “é a tardança daquilo que se espera”. Somos portadores de uma força especial para fazer com que o tempo esteja a nosso favor e seja assim, o nosso seguro. Quando escolhemos olhar somente as coisas negativas de nossa história, vivenciamos uma fadiga sem fim. Quando escolhemos contemplar os pequenos gestos do Amor de Deus e das pessoas que nós amamos na sacralidade do dia a dia, somos felizes.

Jesus de Nazaré entra em nosso tempo. Ele se faz um de nós e assume nossa “temporalidade”. A tradição bíblica nos ensina que a Revelação se dá na história humana: cf.Gn1,1… no princípio… cf.Ap22,22… venho em breve. Assim também, cada pessoa humana é convidada por Deus a assumir a sua vocação neste tempo que se chama hoje. Não somos frutos do acaso, somos frutos do Amor de Deus.

Um dia, neste tempo, ele nos chamou pelo nome, assim como ele fez com Simão e André, Tiago e João. “Um dia escutei teu chamado, divino recado batendo no coração”, assim dizia a canção na missa quando eu fui enviado para o Seminário, lembro-me como se fosse hoje. É Deus que entra em nossa história. É ele que vem ao nosso encontro. É ele que nos chama em nossa “Galiléia”. Quando reconhecemos nosso nome em Seu timbre de voz não nos resta outra atitude: deixar as redes imediatamente (cf. Mc1,14-20)

Como Jonas, é preciso se levantar de nosso egoísmo e colocar-se a caminho do outro (cf.Jn 3,1-5.10). É preciso percorrer o caminho da misericórdia. É preciso anunciar o Reino da Ternura (cf.Sl 24). Paulo nos diz que o “tempo é abreviado” (cf.1Cor 7,29-31), portanto, não dá para esperar.

Quando escutei o chamado de Deus pra partilhar minha vida com o povo da Somália, alguém assim me falou… você sabe que corres “risco de vida” por missionar na Somália… e eu respondi… “risco de vida” eu correria se fugisse de minha vocação! Creio, portanto, que neste domingo tempo a oportunidade de renovar nossa vocação, pois a “medida do amor é amar sem medida” (Sto. Agostinho).

Quando deixamos de viver o sonho de Deus e preferimos ficar com “nossas redes e barcos” perdemos a chance de fazer de nossa vida um tempo de graça!

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